quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Quero um homem que me conheça, Que me penetre, não só a carne, Mas principalmente o coração, Com força, vigor e paixão. Quero que me devore e me beba, Não só o gozo do sexo, Mas o prazer de estar junto, De ser cúmplice e complexo. Que me prenda e me enrosque, Não só os braços e pernas, Mas a alma, com abraços e toques, Que ultrapassem barreiras externas. Quero que me jogue na cama E me use, não como objeto, Mas como a outra metade, Indispensável para ser completo. Que me faça arrepiar e arder, Não só de desejo e loucura, Mas da febre de possuir e poder Compartilhar sua candura. Que me tateie e percorra, Que aprenda meus caminhos, Me oferte sua intimidade, Me sufoque de carinhos. Que desvende meus segredos, Não todos, senão perde o mistério E a indefinição que dá medo, Que atrai e tira do sério. Não quero ser sua vadia, sua meretriz, Mesmo de forma carinhosa, de paixão. Porque ele não admite que sua voz Profane a pureza de minha devassidão. Não quero ser seu espelho e nem seu reflexo, Porque ele não precisa ser orientado, nem de adulação. Está comigo por afinidade e pele, Por saudade e por satisfação. Quer compartilhar meus momentos Ao meu lado, sem mudar meu rumo jamais. Quer ser amigo, meu porto seguro, Mesmo que nunca venha a ser o cais. Quero um homem que se mostre mortal E felino, livre e escravo de meus olhos, Atento e sincero, idoso e menino, Rude e gentil ao dilatar os poros. Quero um amante que me seduza, Fúria e abrigo, calor e aconchego, Dentes e lábios, pêlos e dedos, A rolar na grama, a morder os seios. Quero olhos e pálpebras piscando, Gozo suado e mãos dadas, Sexo e nexo, amada amando, Liberdade e vidas atadas.